terça-feira, 17 de novembro de 2009

Quinta de S. Francisco - Sintra




Situado em Sintra, é um daqueles espaços que se autodenomina como sendo uma Quinta, e que se promove como tal, quando na prática consiste basicamente num espaço que se resume a realizar eventos dentro de uma tenda e num jardim. Sem abordar os aspectos estéticos que são já por si muito discutíveis, dependendo do bom gosto de cada um, vou centrar-me no factor que me deixa indignado, e que infelizmente, não é original nem exclusivo deste estabelecimento.

Ora bem, da última vez que verifiquei, o termo "Quinta" vem previsto no dicionário como tendo diversos significados, sendo o mais aproximado da realidade do dito espaço aquele que o descreve como "terreno de semeadura com horta e árvores, murado ou cercado de sebes, e que tem geralmente casa de habitação". Até aqui tudo bem, o verde é abundante, ouve-se o chilrear dos passarinhos e tal e com alguma boa-vontade até se pode dizer que o espaço obedece à descrição, embora não me tenha apercebido da existência de culturas agrícolas, silvícolas ou afins. Reparei sim num espaço semi-relvado que se confunde com o parqueamento, uma tenda com vista para o jardim, para o parqueamento e para o semi-relvado/parqueamento, um ou outro puff que se julga serem da moda mas que reflectem muito claramente o bom gosto (ou nalguns casos, a falta dele) dos decoradores. Há também um espaço reservado ao barbecue, pejado de cadeiras e mesas de plástico do mais vulgar que há. Este espaço servirá possivelmente também aos proprietários residentes na casa de habitação (que de utilização pública, só tem o escritório para acerto de contas), para algumas almoçaradas de domingo ou fim-de-semana sem evento.

Penso que o termo "Tenda" não será certamente o mais apelativo (nem mesmo para os campistas fanáticos, ou para o Corpo Nacional de Escutas), e por isso até compreendo que os responsáveis não lhe atribuam o nome de Tenda de S. Francisco, não fossem os representantes da feroz concorrência residente da zona seguir-lhes o exemplo e alterar também os nomes. Se assim fosse, deixariam de existir exemplares de Quintas em Sintra e isso não seria admissível numa das vilas mais in do país. A verdade é que a zona é repleta de espaços com designações distintas (que até podiam ser aproveitadas comercialmente), desde Challets, de Villas, de Vivendas, de Moradias, de Hotéis, de Estalagens, Restaurantes e até Resorts, mas Quintas nesta zona conheço poucas e esta não é certamente uma delas!

A par de muitos congéneres, os promotores do sítio pecam por criar a ilusão de que o os noivos realizarão a recepção num espaço correspondente àquele que idealizaram, ou que a sociedade de consumo sonhou por eles. A "Quinta" de S. Francisco, consegue ir sobrevivendo no mercado simplesmente porque há mais que adoptam o mesmo esquema, campanha de marketing, ou promoção (o que lhe quiserem chamar). A verdade é que ninguém está obrigado a dar seguimento a uma eventual pré-reserva, uma vez conhecendo a realidade que descrevi, mas por outro lado acredito que a ilusão seja difícil de esbater depois de iniciado o processo de submersão na campanha.

A par de tudo isto, há uma série de limitações que não fazem desta a escolha ideal para quem procura a sua festa, e não apenas mais uma festa. A localização no seio de uma zona residencial não é feliz, mas desculpável. Inadmissível é a escolha de uma tenda como o espaço principal do evento, que já por si está inserido numa zona residencial, e por isso susceptível a intervenções, queixas e transtornos externos com influência directa e até indirecta (porque os promotores do evento temem e evitam a todo o custo estas condicionantes e adaptam os seus serviços em função delas) no rumo da festa. Os lavabos dificilmente conseguirão ser melhorados, mas quase que me aventuro a dizer que não encorajam a sua utilização.

Por fim, umas palavras a respeito do Sr. José Dórdio que é quem explora o espaço e se esforça por dotá-lo de serviços capazes criando um nome e defendendo a reputação da camisola que veste com total empenho. Não só é uma das peças-chave na preparação do evento e subcontratação de serviços complementares, como exerce através de uma presença permanente a gestão directa do seu serviço de catering, que embora fique aquém de muitos outros tanto no atendimento como na confecção, não é dos piores. Os preços são competitivos e essa é para mim a única grande vantagem associada à concretização dum eventual interesse, que alguém mais esperançoso possa vir a manifestar.

Não recomendo, mas ficam os contactos para os mais aventureiros.


919 703 507

964 776 074




2 comentários:

  1. Olá Fura Casamentos, gostei de ler a crónica e fico a aguardar pelas descrições de outros espaços já "testados" e "analisados"!

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  2. Ora viva Josefina! É sempre um prazer ter-te por cá. Obrigado pelas palavras de incentivo. Até breve.

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